Para iniciar a perrengada, escolhi uma história engraçadinha, sem muitas atrocidades e dramas… mais pra avaliar a reação de vocês e ver o que de fato teremos neste blog.
Era um contexto de alegria. Todos engajados no espírito dar e receber que, só o carnaval pode proporcionar às pessoas. Um post etílico, envolvendo uma trama real entre japoneses, trilha a pé e a majestosa Ilha Grande.
Era tarde de carnaval. Ano? Sei lá. Horas? Sei lá. Acordamos nós, todos ainda bêbados de ontem, com restos da ressaca de ante-ontem. Estávamos numa acolhedora casa de veraneio na Ilha Grande-RJ, especificamente na praia do Bananal. (uma praia habitada por japoneses sinistros-nativos que oferecem sangue humano para a montanha sagrada. Claro, que eu viajei nesse caô…) Então, em meio a minha famíla, primos e agregados, eu, que vos escrevo, tive um surto de “saúde e disposição” e pronunciei as seguintes palavras:
– Pô, gente. Estamos aqui nos embreagando dia e noite; noite e dia. (ênfase no recurso literário de repetição duplo-carpado) No meio desta exuberância da natureza que é a Ilha Grande! Vamos fazer uma caminhada até a próxima praia. Dizem que é muito bonita e sossegada.
Após isso e muito enxer o saco de geral, montamos um pelotão entre marmanjos e crianças (irmã mais nova = criança. sempre) para caminhar pela mata até a praia de Matariz. Pé na trilha! De fato, um trecho sob a mata atlântica extremamente recompensador. A Ilha Grande investiu na sinalização das trilhas que rodeiam e cruzam a ilha. Fácil e bem sinalizada, foi um percurso lúdico e proveitoso para todos os integrantes.
Entre pedras, galhos, raízes e alguns desníveis, salvaram-se todos. Para baixo, todo o santo ajuda e o diabo empura (ou puxa?). A descida da trilha é muito legal, pois passamos por uma pontezinha sobre um córrego de água doce. Uma praia linda, com um pequeno pier e uma meia dúzia de barcos. Esta região habitada por japoneses-sinistros era toda sustentada pela atividade pesqueira. Por este motivo, muitas pousadas e vilarejos são remanescentes desta industria já desativada.
Assim, encontramos um pequeno e agradável vilarejo e é claro, um buteco. (já deu pra entender onde começa a dar merda, né?) Um dos integrantes de nosso pelotão era um minhoca da terra (minhoca da terra – expressão popular usada em parte do Grande Rio e Niterói. Refere-se como minhoca da terra o habitante local da região que está sendo visitada. Muito utilizada em incursões à cidades do interior ou a qualquer local em São Paulo), primo da filha da dona do buteco! Danô-se a nega do dôce! (essa sinceramente, não faço idéia de onde seja)
Crianças (que não eram bem crianças) devidamente besuntadas de protetor solar e água de côco; marmanjos juntam mesas na melhor sombra da praia.
Que comecem os trabalhos! Tssssc… abre-se a primeira diva da saciedade, filha de afrodite com a sheila melo… sim a primeira Cerveja é espetacular.
Cerveja vai, papo vem… gargalhadas intermináveis numa ótima e aparentemente inofensiva mesa de bar. Inofensiva? É rode! (expressão popular carioca, muito utilizada no início dos anos 90. Uma supressão de ´é ruim, hein?´. Resgatada recentemente pela Bruna) Nessa de beber e se divertir, paga a conta do bar, bebe a saideira e depois???? chama um taxi? Um suspiro de responsabilidade, meio indiana jones, meio jerônimo, baixa em mim e balbucia as seguintes palavras:
– Olha o sol… ele está a Oeste. Já baixou o suficiente, logo, já não é meio dia. Por isso, logo ficará escuro… por isso, acho melhor a gente pedir logo a saideira!
Fui aplaudido de pé pelos meus amigos e familiares, emocionados pelo grande esforço que fiz para pronunciar estas palavras e concluir, quase que psicanaliticamente junto com todos ali presentes, coisas óbvias, mas de coração. Óbvio que o sol já tinha baixado! Já estava no fim da tarde!Óbvio que não era mais meio-dia, pois esta foi a hora que acordamos! E oeste?! Sem comentários….
Bebemos a saideira e a derradeira. Saimos ainda com sol, cada um carregando no mínimo um pack com 12 latas. Todo pelotão de aventura tem seus suprimentos. Pé na trilha! Caminhada ecológica é uma atividade esportiva que exige um mínimo de condicionamento físico e alguma lucidez. Entramos no meio da mesma exuberante mata atlantica que viemos, porém, completamente embreagados, no final de tarde. A magestosa copa das árvores reproduzia um puta breu. Não enxergávamos absolutamente nada, éramos guiados pelas reclamações do primeiro da fila que ia gemendo a cada topada e agarrada que dava. Um detalhe supre-legal: mosquitos, muitos deles sedentos por sangue e suor de cerveja.
Uma fila indiana onde metade xingava e a outra metade cantava. A cada 10 minutos rolava um japones trilha a baixo, segurando uma ou duas caixinhas de cerveja. Uma trilha iluminada à brasa dos cigarros e guiada por voz. O esforço era redobrado para que nenhuma cerveja caisse. E não caiu. O retorno durou muito. Paramos para descansar usando as crianças como desculpa. Bebemos algumas cervejas quentes, a final, éramos um pelotão da selva…. e na selva… vale a lei da sobrevivência! Nos pusemos a caminhar novamente. Anda, pára, tropeça e rola japonês pra tudo que é lado. Um desastre de trilha. A onda já começava a baixar e o mau humor já dava seus primeiros sinais de vida. “Quem foi o retardado que deu essa idéia?!”
O tempo foi passando, a noite já era plena. Uma noite verdadeira, com todas as estrelas que só a Ilha Grande tem para mostrar. Ai, chegamos em um ponto esquisitinho. Pensei cá com meus botões: “fudeu. nos perdemos!” PQP! Nós aqui, cheio de crianças e cerveja quente, com cigarro acabando, com vontade de fazer o n°2! Todo aquele papo de trilha bem sinalizada era só durante o horário comercial!!!! Eu sabia, capitalistas! Malditos gestores do lucro! Com certeza tem um 0900, em dólar, que pra eu ligar que eles auxiliam o retorno.
Após esse inflamado discurso de bebum, olhei para a árvore que bifurcava a trilha e disse, como se nada tivesse acontecido: “ops, nós passamos da nossa casa”. Como líder da matilha, óh grande chefe, ouvi poucos, mas sinceros palavrões. A final, eu precisava guia-los em segurança para nossa casa. Retornamos por mais alguns minutos e estávamos em casa. Familiares relativamente assustados com: 1) A quantidade de cerveja que trouxemos; 2) O estado em que chegamos; 3) A demora em nosso retorno com as crianças.
Para brindar o retorno de nossa campanha, nada como um churrasquinho para comemorar!
Um banho de mar e umas cervejas, dão inicio a mais uma looonga aventura.