Por do Sol da Semana

17 12 2008

Apreciadores do bom e velho perrengue! Primeiro peço desculpas pela ausência da semana anterior.

Sabe como é… esse clima natalino, ruas cheias e muito trabalho acadêmico. Precisei utilizar os poucos neurônios funcionais-não-vegetativos e o tempo “vago”, para produzir um artigo macroeconômico para minha pós. Agora, pelo naipe dos textos que vocês acomapanham aqui, imaginem eu, viajante e pingófilo, dissertando sobre impactos do aumento do salário mínimo no sistema previdenciário brasileiro…. eu até gostei muito do meu trabalho, fiz uma pesquisa forte e até entendi um pouco do que escrevi.

Para compartilhar com vocês, em clima de papai noel e Iemanjá, desenterrei do arquivo morto (ênfase no MORTO) um por do sol clássico, como diriam os cariocas. Foi em nossa viagem de ano-novo de 2007 ~ 2008, lá mesmo na Ilha Grande. Foi minha segunda investida na já citada Praia do Bananal. Essa mesmo, habitada por japoneses-sinistros-nativos. É legal dizer que é um dos melhores pontos para mergulho autônomo do Brasil. Inclusive lá fiz o curso de mergulho, certificado pela PADI. Imagina sua sala de aula teórica ser um deck de frente para o mar, as primeiras aulas, no raso (uns 2m) de frente para uma fauna e flora, com milhares de peixinhos nemo e tartarugas marinhas?! PQP…

Clima família, comida absurdamente boa, visual paradisíaco. Se vocês forem lá, procurem pelo Fabrício. Ele que foi nosso instrutor. Nota 10! Do mais alto gabarito técnico (vaaaarios certificados) e didático. Uma dica: não ria das piadas dele, sob qualquer condição. Ele pode achar que você gostou e vai continuar contando. A cada uma boa piada, 45 trocadalhos do carilho serão feitos….

 

Praia do Bananal - Ilha Grande RJ

Praia do Bananal - Ilha Grande RJ





MATARIZ x BANANAL

22 10 2008
Para iniciar a perrengada, escolhi uma história engraçadinha, sem muitas atrocidades e dramas… mais pra avaliar a reação de vocês e ver o que de fato teremos neste blog.
 
Era um contexto de alegria. Todos engajados no espírito dar e receber que, só o carnaval pode proporcionar às pessoas. Um post etílico, envolvendo uma trama real entre japoneses, trilha a pé e a majestosa Ilha Grande.
 
Era tarde de carnaval. Ano? Sei lá. Horas? Sei lá. Acordamos nós, todos ainda bêbados de ontem, com restos da ressaca de ante-ontem. Estávamos numa acolhedora casa de veraneio na Ilha Grande-RJ, especificamente na praia do Bananal. (uma praia habitada por japoneses sinistros-nativos que oferecem sangue humano para a montanha sagrada. Claro, que eu viajei nesse caô…) Então, em meio a minha famíla, primos e agregados, eu, que vos escrevo, tive um surto de “saúde e disposição” e pronunciei as seguintes palavras:
 
– Pô, gente. Estamos aqui nos embreagando dia e noite; noite e dia. (ênfase no recurso literário de repetição duplo-carpado) No meio desta exuberância da natureza que é a Ilha Grande! Vamos fazer uma caminhada até a próxima praia. Dizem que é muito bonita e sossegada.
 
Após isso e muito enxer o saco de geral, montamos um pelotão entre marmanjos e crianças (irmã mais nova = criança. sempre) para caminhar pela mata até a praia de Matariz. Pé na trilha! De fato, um trecho sob a mata atlântica extremamente recompensador. A Ilha Grande investiu na sinalização das trilhas que rodeiam e cruzam a ilha. Fácil e bem sinalizada, foi um percurso lúdico e proveitoso para todos os integrantes.
 
Entre pedras, galhos, raízes e alguns desníveis, salvaram-se todos. Para baixo, todo o santo ajuda e o diabo empura (ou puxa?). A descida da trilha é muito legal, pois passamos por uma pontezinha sobre um córrego de água doce. Uma praia linda, com um pequeno pier e uma meia dúzia de barcos. Esta região habitada por japoneses-sinistros era toda sustentada pela atividade pesqueira. Por este motivo, muitas pousadas e vilarejos são remanescentes desta industria já desativada.
 
Assim, encontramos um pequeno e agradável vilarejo e é claro, um buteco. (já deu pra entender onde começa a dar merda, né?) Um dos integrantes de nosso pelotão era um minhoca da terra (minhoca da terra –  expressão popular usada em parte do Grande Rio e Niterói. Refere-se como minhoca da terra o habitante local da região que está sendo visitada. Muito utilizada em incursões à cidades do interior ou a qualquer local em São Paulo), primo da filha da dona do buteco! Danô-se a nega do dôce! (essa sinceramente, não faço idéia de onde seja)
 
Crianças (que não eram bem crianças) devidamente besuntadas de protetor solar e água de côco; marmanjos juntam mesas na melhor sombra da praia.
 
Que comecem os trabalhos! Tssssc… abre-se a primeira diva da saciedade, filha de afrodite com a sheila melo… sim a primeira Cerveja é espetacular.
 
Cerveja vai, papo vem… gargalhadas intermináveis numa ótima e aparentemente inofensiva mesa de bar. Inofensiva? É rode! (expressão popular carioca, muito utilizada no início dos anos 90. Uma supressão de ´é ruim, hein?´. Resgatada recentemente pela Bruna) Nessa de beber e se divertir, paga a conta do bar, bebe a saideira e depois???? chama um taxi? Um suspiro de responsabilidade, meio indiana jones, meio jerônimo, baixa em mim e balbucia as seguintes palavras:
 
– Olha o sol… ele está a Oeste. Já baixou o suficiente, logo, já não é meio dia. Por isso, logo ficará escuro… por isso, acho melhor a gente pedir logo a saideira!
 
Fui aplaudido de pé pelos meus amigos e familiares, emocionados pelo grande esforço que fiz para pronunciar estas palavras e concluir, quase que psicanaliticamente junto com todos ali presentes, coisas óbvias, mas de coração. Óbvio que o sol já tinha baixado! Já estava no fim da tarde!Óbvio que não era mais meio-dia, pois esta foi a hora que acordamos! E oeste?! Sem comentários….
 
Bebemos a saideira e a derradeira. Saimos ainda com sol, cada um carregando no mínimo um pack com 12 latas. Todo pelotão de aventura tem seus suprimentos. Pé na trilha! Caminhada ecológica é uma atividade esportiva que exige um mínimo de condicionamento físico e alguma lucidez. Entramos no meio da mesma exuberante mata atlantica que viemos, porém, completamente embreagados, no final de tarde. A magestosa copa das árvores reproduzia um puta breu. Não enxergávamos absolutamente nada, éramos guiados pelas reclamações do primeiro da fila que ia gemendo a cada topada e agarrada que dava. Um detalhe supre-legal: mosquitos, muitos deles sedentos por sangue e suor de cerveja.
 
Uma fila indiana onde metade xingava e a outra metade cantava. A cada 10 minutos rolava um japones trilha a baixo, segurando uma ou duas caixinhas de cerveja. Uma trilha iluminada à brasa dos cigarros e guiada por voz. O esforço era redobrado para que nenhuma cerveja caisse. E não caiu. O retorno durou muito. Paramos para descansar usando as crianças como desculpa. Bebemos algumas cervejas quentes, a final, éramos um pelotão da selva…. e na selva… vale a lei da sobrevivência! Nos pusemos a caminhar novamente. Anda, pára, tropeça e rola japonês pra tudo que é lado. Um desastre de trilha. A onda já começava a baixar e o mau humor já dava seus primeiros sinais de vida. “Quem foi o retardado que deu essa idéia?!”
 
O tempo foi passando, a noite já era plena. Uma noite verdadeira, com todas as estrelas que só a Ilha Grande tem para mostrar. Ai, chegamos em um ponto esquisitinho. Pensei cá com meus botões: “fudeu. nos perdemos!” PQP! Nós aqui, cheio de crianças e cerveja quente, com cigarro acabando, com vontade de fazer o n°2! Todo aquele papo de trilha bem sinalizada era só durante o horário comercial!!!! Eu sabia, capitalistas! Malditos gestores do lucro! Com certeza tem um 0900, em dólar, que pra eu ligar que eles auxiliam o retorno.
 
Após esse inflamado discurso de bebum, olhei para a árvore que bifurcava a trilha e disse, como se nada tivesse acontecido: “ops, nós passamos da nossa casa”. Como líder da matilha, óh grande chefe, ouvi poucos, mas sinceros palavrões. A final, eu precisava guia-los em segurança para nossa casa. Retornamos por mais alguns minutos e estávamos em casa. Familiares relativamente assustados com: 1) A quantidade de cerveja que trouxemos; 2) O estado em que chegamos; 3) A demora em nosso retorno com as crianças.
 
Para brindar o retorno de nossa campanha, nada como um churrasquinho para comemorar!
 
Um banho de mar e umas cervejas, dão inicio a mais uma looonga aventura.